O gosto do Brasil pelo Queijo Serra da Estrela DOP

Virgilio Nogueiro Gomes © Adriana Freire

O queijo é, para mim, a segunda maior criação alimentar da humanidade. A primeira foi o pão que é o parceiro ideal para fazer companhia ao queijo.
A Natureza foi prodiga com Portugal e os portugueses aproveitaram bem essa dádiva. As ovelhas de raça Serra da Estrela e ou Churra Mondegueira, associadas às pastagens daquela região são um início abençoado para a excelência deste queijo. Depois, e naturalmente, as artes herdadas para a produção do queijo a partir do leite cru daquelas ovelhas.
Desde os tempos da época romana, no espaço que é hoje Portugal, que há conhecimento deste queijo e celebrado posteriormente pelo maior autor medieval português que foi Gil Vicente. E lá vem a lenda da pastora Isabel, do tempo da rainha com o mesmo nome que, porque não um milagre? A partir do leite de ovelha, Isabel dá à luz, trabalho de mãos hábeis, paciência, saber, o delicioso queijo da serra. Como ninguém. Sem ter par. A que melhor conhece tal arte. Os segredos, as práticas certas.
Mas não é, seguramente por milagre, que atualmente temos um Queijo Serra da Estrela, verdadeiro símbolo da excelência dos queijos portugueses que atravessaram o Atlântico. O Brasil descobriu o encanto deste produto com a vantagem de se apresentar em três texturas: amanteigado, de meia cura e cura prolongada. Quando a maturação ultrapassa os 120 dias pode chamar-se de “Velho”. E os brasileiros descobriram os encantos das suas versões.
Para mim queijo é sempre queijo e aprecio-o mais em velho. Comendo inclusive a sua casca que é queijo puro com outra consistência por estar mais exposto ao ar. Também a nova geração de chefs parece estar a reconhecer a elegância e força deste queijo. Apesar de poder ser utilizado em cozinhados, o verdadeiro apreciador prefere-o com pão e um bom vinho tinto e até um bom Vinho do Porto.
O Queijo Serra da Estrela DOP é um exemplo do património cultural português. Evoluindo através de tempos idos, afirma-se como um produto de elite e guloso que pode entrar em qualquer momento de uma refeição. Mas para melhor o apreciar nada como ser o objeto central de uma merenda, em ato convivial.
© Virgílio Nogueiro Gomes
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